50 anos de Aikido.

Entrevista com Christian Tissier sobre seus 50 anos de Aikido. Momento registrado por Guillaume Erard em junho de 2015 em Paris.

Excelente entrevista com Tissier repleta de pontos de reflexão sobre assuntos como ter várias referências, rotulação de linhas, o propósito do bukiwaza entre outras. Alguns pontos que me chamaram atenção:

  • “Apesar de preferir mais uns do que outros, eu ia para todas as aulas mesmo que não entendesse bem o Aikido deles.”;
  • “Se você não tem uma linguagem corporal comum, você não se sentirá à vontade em lugar algum. Quando alguém conhece um novo Sensei, é importante vê-lo como um todo, remover aquilo que você já conhece, e tentar focar naquilo que você acha ser diferente.”;
  • “Técnicas com armas não servem para lhe ensinar como se defender contra uma faca, servem para enfatizar quais são suas prioridades. Contra uma faca, mesmo de madeira, surgem prioridades diferentes na técnica.”;
  • “No começo você vai trabalhar com yokomen uchi ikkyo, seu movimento será um pouco travado pois ainda está aprendendo, então você se movimenta para o lado e depois recua. Depois disso, você faz um movimento que guia um pouco o seu parceiro ao juntar ambas as mãos. Logo após você inicia a aplicação em um ponto atrás do parceiro. Então você faz ikkyo no mesmo jeito e depois de um tempo, você percebe que se fizer de forma apropriada, não é mais yokomen ou shomen, você pode fazer exatamente o mesmo movimento porque o importante não são as mãos, e sim o ponto atrás do parceiro e com alguma antecipação você já estará neste local. Você percebe que precisou de todas essas técnicas para chegar a uma única coisa.”;
  • “Por exemplo, agora mesmo, estou trabalhando com ryotedori kokyuho. Eu percebi que precisei de 50 anos para entender que é mais fácil fazer desta forma. A razão é que é o mesmo princípio, porque princípios naturais são tão simples.”;
  • “Se uma pessoa alcança o 4º ou 5º dan com um bom nível técnico (ikkyo, nikkyo, sankyo, yonkyo)… , mas faz a mesma coisa 30 anos depois, isso significa que de alguma forma seu treino não está sendo útil.”;
  • “Algumas pessoas afirmam que praticam o estilo de Aikido Tissier, mas eu não tenho um estilo. Meu estilo é o da Aikikai. Meu Aikido não é muito diferente do de Yasuno, Miyamoto, Kanazawa ou Endo… Mas meu Aikido é o Aikido Aikikai. É apenas minha forma.”;
  • “Quando vejo alguém com problema no joelho eu as digo que o corpo delas é prioridade.”;
  • “Eu não cobro, eu ensino a pessoas que querem aprender. Enquanto eles estiverem aqui, me esforçarei para estar aqui e ensinar o máximo que puder. Não peço nada em troca. Não brinco de ser O Sensei, não peço que eles carreguem minhas malas. Nunca peço nada… Não vejo porque deveria pedir algo. Se eu posso ajudar alguém de alguma forma, eu tento ajudar mas sem pedir nada em troca.”.
Entrevista com legenda em português.

— CREDITS — Written and directed by Guillaume Erard http://www.guillaumeerard.com